Lançamento da pedra fundamental do Campus Complexo do Alemão do IFRJ
Foto: Ricardo Stuckert/PR
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva lançou, no dia 07/02, a pedra fundamental do Campus Complexo do Alemão do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ). O Complexo do Alemão é um dos maiores conjuntos de favelas da zona norte da capital fluminense.
“Hoje, dia 7 de fevereiro, não foi um delegado ou um capitão da polícia que veio anunciar a quantidade de mortes no Complexo do Alemão; hoje, o governo federal e o governo municipal vieram aqui dizer, dia 7 de fevereiro, que quem veio ao Complexo do Alemão foi a educação, para salvar essa gente”, disse, defendendo os investimentos em educação pra reduzir a pobreza no país.
“Um trabalhador com profissão, com conhecimento, sai procurando emprego e tem muito mais facilidade de arrumar um emprego. Se a gente fala que não tem profissão, ninguém nem dá ouvido. Então, quando a gente está fazendo aqui o instituto federal, é porque a gente quer que os filhos das pessoas mais humildes tenham acesso à educação e saiam da pobreza”, ressaltou.
O reitor do IFRJ, Rafael Almada, destacou que o instituto pretende já começar a atuar no Complexo do Alemão ainda esse ano, oferecendo cursos e atividades de extensão: “A gente não precisa do prédio para chegar. Vamos chegar com os programas sociais aliados com as políticas públicas que a Prefeitura do Rio já desenvolve neste território. E vamos chegar com muita humildade, porque essa instituição federal só chega porque já tem um trabalho desenvolvido antes pelo ensino básico e fundamental das escolas municipais e estaduais, e queremos fazer a integração dessas áreas”, enfatizou Almada, que comentou ainda das áreas de atuação e ensino que o campus deve abarcar, como gastronomia, empreendedorismo, energias renováveis, gestão e negócios, administração, entre outros.
O reitor ainda fez uma apresentação do projeto do campus, mostrando como devem ficar as futuras instalações, e agradeceu a parceria e a contribuição dos servidores do IFRJ e dos demais órgãos do poder público que ajudaram a tornar este momento possível.
Presente na cerimônia, a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, destacou a importância da criação do IFRJ na localidade e lembrou de crianças que foram mortas no Alemão, vítimas de balas perdidas.
“Estamos falando hoje de um lugar onde a gente já perdeu Ágatha [Félix], Eduardo [de Jesus Ferreira], Benjamim [Novaes da Silva], onde a gente já perdeu muitos sonhos e a gente está cansado disso. Quando a gente tem um governo que investe em educação e não investe em armas, isso também significa dizer que a favela está olhando para um futuro que muitas vezes nos é negado e tem sido negado cotidianamente. Hoje é falar de esperança, é falar de dias melhores”, disse a ministra, que nasceu e foi criada na Favela da Maré, também no Rio de Janeiro.
Camila Santos, mais conhecida como Camila Moradia, é “cria” do Alemão e contou que sua família está na quarta geração dentro do Complexo. Segundo ela, ver o IFRJ chegando à localidade é esperança de educação para as próximas gerações: “Tenho três filhos, uma concluindo o Ensino Fundamental. Quem sabe esse campus possa atender ainda a minha filha mais velha e com certeza poderá atender meus outros dois filhos. Mesmo que a maior parte dos investimentos na favela seja sobre a ótica da insegurança, pautamos e buscamos educação como ferramenta de transformação e vida para os nossos. Das histórias que serão feitas e contadas apenas por nós mesmos, meus filhos terão como memória a luta e a conquista de um equipamento público de qualidade, que vai fazer deles indivíduos conscientes e críticos. Cidadãos que vão poder viver, lutando e construindo uma favela melhor”, afirmou.
Com investimento total de R$ 15 milhões, a obra do IFRJ tem previsão de conclusão em dezembro de 2025, em um espaço doado pela prefeitura do Rio de Janeiro. O campus receberá até 1,4 mil estudantes.
IFRJ com informações da Agência Brasil