Construção dos currículos integrados na Educação Profissional em debate

O evento “Formação Pedagógica de profissionais do IFRJ: a construção dos currículos integrados na Educação Profissional”, promovido pela Pró-reitoria de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (Proen), aconteceu nesta sexta-feira, 09/07, de forma online com transmissão ao vivo pelo canal oficial do IFRJ no YouTube.

Participaram da abertura o reitor do IFRJ, Rafael Almada; a pró-reitora de Ensino Básico, Técnico e Tecnológico, Alessandra Ciambarella; a chefe de gabinete do IFRJ, Gilsiane Escobar; e o professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Farroupilha, Edison Brito. 

Em sua fala de abertura, Alessandra Ciambarella explicou que o evento faz parte do projeto de capacitação institucional promovido pela Proen e pela Reitoria, numa tentativa de abrir a semana de planejamento das unidades com temas geradores que sejam importantes e que possam pautar todo o período de discussões e planejamentos pedagógicos, não só nesse primeiro período 2021.1, como também os períodos subsequentes. 

O reitor Rafael Almada cumprimentou a pró-reitora pelo trabalho que vem desenvolvendo. “Acho que a Proen tem feito um trabalho muito importante de capacitação, de alinhamento pedagógico, de refletir práticas que possam fazer com que a gente possa avançar em vários temas desafiantes que a gente tem na educação profissional e tecnológica. Então, reforço essa preocupação que a pró-reitora sempre me coloca, da necessidade da gente fazer esses debates”, destacou. 

Almada ainda ressaltou que muitas vezes há receio em discutir determinados assuntos pelo medo do impacto que eles têm e que possam influenciar várias ações do dia a dia, mudando muito alguns conceitos que previamente estão fixados na prática diária. "Mas quando fazemos esse momento de reflexão, percebemos o quanto é importante refletir com outros parceiros, pessoas que pensam ações ou vivenciaram experiências similares, para que a gente possa sim, refletir a nossa prática e avançar numa melhoria no ensino”, enfatizou o reitor.

Alessandra reforçou a fala de Rafael, dizendo que essa é uma tentativa institucional de criar essa conexão. “É a possibilidade que temos, ainda que de forma virtual, de estarmos todos juntos. Não só enquanto unidade de ensino, mas enquanto Instituto Federal do Rio de Janeiro. Esse é um tema importante para nós. Em períodos de negacionismo científico, de diretrizes que cada vez mais querem nos induzir à Base Nacional Comum Curricular ou a formação meramente ali gerada e qualificadora, que ignora a formação integral, ter alguém que tenha uma experiência avançada na discussão e na consolidação do currículo integrado do Instituto Federal Farroupilha é fundamental”, afirmou.

Ao receber a palavra, o professor Edison Brito fez uma apresentação sobre a experiência do IFFar com a formação integral e o currículo integrado. Ele destacou que a formação humana integral é uma obrigação prevista na Constituição Federal e na LDB. “Não devemos ensinar só Português e Matemática, que são sim fundamentais na formação. Mas devemos formar o ser humano em todas as suas dimensões, incluindo a esfera da cidadania e para além do mercado. A formação integral visa mudar a capacidade do jovem de enxergar o mundo”, afirmou ele, explicando que a formação integral engloba racionalidade, corporeidade, sensibilidade (sentimentos), desejos (pulsões), relações (ética), sociedade (cidadania). “E essa formação pressupõe um projeto pedagógico, que precisa de intencionalidade em todo o processo formativo, de forma integrada e interdisciplinar”, disse.

O docente destacou que os projetos pedagógicos precisam considerar as aprendizagens essenciais da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) do Ensino Médio. Contudo, o texto legal não menciona componentes curriculares ou matriz específica, mas aprendizagens que precisam estar asseguradas nos projetos pedagógicos articulados e integrados. “Mas a BNCC não precisa estar presente, ser cumprida, na forma de componentes isolados, porque se fizermos isso, nós estaremos de certo modo descaracterizando aquilo que o Ensino Médio exige, que é uma formação integrada e articulada”, ponderou.

O palestrante também destacou o que não é currículo integrado. Segundo ele, não é uma discussão sobre matriz curricular (grade), não é constituição de espaço curricular para a pesquisa de doutorado ou para as preferências acadêmicas dos docentes, não é local de disputa de egos acadêmicos (que define importância das disciplinas e dos docentes pela quantidade de períodos na grade).

Ele apresentou, ainda, os desafios de implementação do currículo integrado no IFFar, como por exemplo: formação disciplinar, conteudista e concepção quantitativa de avaliação; falta de concepção teórica sobre currículo integrado, formação integral, projetos interdisciplinares, práticas integradoras; e formação conceitual que não consegue se expressar num currículo. 

Em seguida, exibiu o histórico da construção do Currículo Integrado no IFFar e ainda contou como se constituiu o currículo integrado do instituto, apresentando quais passos foram adotados para isso, entre eles: organização da estrutura de gestão do ensino e formação dos gestores; criação do GT dos Cursos Técnicos (dividido em três grupos); elaboração dos PPCs; definição dos conhecimentos; organização dos conhecimentos em disciplinas; Definir estratégias de integração e formação integral no PPC.

O professor também expôs como ficou a realidade do IFFar após as mudanças, destacando projetos e episódios importantes que aconteceram no Instituto e que trouxeram impacto positivo na experiência educacional tanto para os alunos, quanto para os docentes.

Após a fala do convidado, a pró-reitora Alessandra agradeceu pela contribuição dele e reforçou a importância de lutar pela educação de forma integrada e contra as novas diretrizes curriculares. Ela leu alguns comentários e pontos abordados pelos participantes no chat e trouxe esses apontamentos para o debate com o professor Edison, que esclareceu as dúvidas dos presentes.

Confira aqui a gravação do evento na íntegra.