IFRJ discute o programa Future-se em reunião extraordinária

O auditório do campus Nilópolis foi o cenário da reunião ampliada e extraordinária do Conselho Superior, Consup, e do Colégio de Dirigentes, Codir, do IFRJ na manhã de 30 de julho. Com pauta única e dirigida pelo reitor do Instituto, o professor Rafael Almada, a reunião discutiu o programa Future-se, divulgado recentemente pelo MEC, e a comunidade presente, formada por discentes, docentes e técnico-administrativos, se posicionou de modo contrário ao teor do documento.

Rafael Almada coordenou os trabalhos e falou sobre as primeiras impressões a respeito do programa do MEC, apresentado nos dias 16 e 17 de julho em Brasília aos reitores de institutos e universidades federais. De acordo com o reitor do IFRJ, o que ficou claro desde o princípio é que não houve qualquer diálogo para a construção do programa. “Diante do que nos foi apresentado, surgiram muitas dúvidas a respeito do Projeto de Lei que será levado ao Congresso. Assim, o Conif agendou uma reunião extraordinária do pleno para os dias 31 de julho e 1 de agosto a fim de ampliar essa discussão”. Rafael explicou que a reunião do Conif não será, a princípio, para decidir adesão ou não, e sim para estudar em detalhes o programa. “Existem diversos pontos a serem elucidados, o programa fala, por exemplo, sobre iniciativas que já são uma realidade para nós, mas não da forma como está colocado no Future-se”.

Eduardo Modena, reitor do IFSP, membro do Consup, disse que, de modo geral, o programa não deixa dúvidas em relação a sua proposta maior de atingir institutos e universidades federais, e que é preciso estar atento a todos os detalhes que envolvem essa questão e afetam o servidor público.  

Durante cerca de quatro horas, a comunidade se pronunciou de maneira contundente contra o Future-se, diretores-gerais, docentes, técnicos e estudantes manifestaram grande preocupação com o que consideram uma afronta ao ensino público e gratuito no País. Além do programa, as críticas se estenderam ao corte da ordem de 16 milhões, divulgado há algum tempo pelo MEC, e o ataque à área de Ciência e Tecnologia. “Nos últimos três anos, o sistema brasileiro de ciência e tecnologia (C&T) tem sofrido ataques constantes. Um dos mais fortes foi, sem dúvida, a aprovação do projeto de emenda constitucional (PEC 241/55) que limita os gastos do governo para os próximos anos, e prometia, em troca, frear a voraz queda oferta de postos de trabalho. Como resultado, temos os atuais 13,1 milhões de desempregados e em torno de 50 milhões de pessoas exercendo trabalhos informais”, afirmou o pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Pós-graduação do IFRJ, Rodney Albuquerque.

O reitor falou da importância do diálogo na reunião, a realização na prática do IFRJuntos. “E vamos ampliar o que vemos aqui hoje. Levar essa discussão a todos os campi nas visitas que faremos por conta do Diálogos com o reitor agora no segundo semestre”.

Rafael também alertou para a necessidade da participação de cada um nessas discussões que atingem diretamente a Instituição. Ele pediu aos diretores gerais protagonismo nos campi, “É importante chamar os servidores, as lideranças estudantis, a mobilização de todos. Os conselheiros podem ajudar muito para fortalecer as discussões, e ao Sindicato eu digo que as portas da Reitoria estão abertas a vocês, para sugestões, críticas, enfim para a participação nesse processo conjunto”.    

   Ao fim da Reunião, os encaminhamentos apontaram a elaboração de um documento por parte do Consup e outro, ainda mais abrangente, com participação de estudantes, servidores, Colégio Dirigente e Consup, que deverão produzir um documento institucional, crítico, a respeito do Future-se. Além disso, devem ser incentivadas ações pontuais da comunidade do IFRJ para mostrar à população quais são as propostas e os possíveis problemas decorrentes do programa do MEC.    

Confira AQUI a Nota Conjunta dos institutos e universidades federais do Rio de Janeiro sobre a consulta pública do programa Future-se.