Educação contra a perpetuação do racismo
O curso de Pós-Graduação em Ensino de Histórias e Culturas Africanas e Afro-Brasileiras iniciou o ano letivo com um debate sobre a questão racial brasileira em tempos de exceção. A aula, que foi aberta ao público, lotou o auditório do campus no dia 07 de fevereiro e contou com a presença do professor Adjunto da UERJ/FFP e doutor em Geografia, Denilson Araújo de Oliveira.
O evento trouxe reflexões sobre o racismo que se perpetua, de acordo com os organizadores, de forma estrutural em nossa sociedade desde a colonização no século XV, passando pelos 350 anos de escravidão e a abolição da escravatura. “É necessário reconhecer que existe uma dívida histórica, porque um crime histórico foi cometido contra a população negra. Mais de 50% da população brasileira é negra e não se pode mais silenciar pauta negras e o mundo africano”, afirmou Denilson.
O professor frisou que interpretar é uma forma de agir. “Precisamos saber o que está acontecendo e isso significa que necessitamos criar múltiplas escalas do agir político desde o cotidiano em uma sala de aula e a criação de novas formas de associações em bairros até novas relações com ações de políticas públicas do Estado”, disse Denilson.
Na plateia, a ingressante Michelle Pereira Malaquias, de 36 anos, que é formada em Letras pela UERJ e já fez o curso de Extensão “Brasil e África em Sala de Aula” no campus, assistiu a aula e disse estar eufórica por começar essa especialização. Ela revelou que o desejo de fazer o curso surgiu após o caso Cláudia Silva, que foi baleada e arrastada por uma viatura da Polícia Militar em 2014, na zona norte do Rio de Janeiro.
“Sempre me chamou atenção como uma pessoa negra e pobre sofre na pele a discriminação e a coerção social até porque eu sofro isso por ser uma mulher negra e gorda. Quero entender o processo histórico que geraram esses preconceitos”, revelou Michelle.